“Foral de Coina – 1516” | Livro de investigação histórica lançado sobre um dos principais portos do Tejo
Foi este fim-de-semana lançado o livro “Foral de Coina – 1516”, da autoria de José Manuel Vargas. Trata-se de uma obra de investigação histórica lançada no âmbito das comemorações do quinto centenário da atribuição do Foral de Coina. O evento, que decorreu no sábado dia 18 de fevereiro, no Catica – Centro Comunitário de Coina, com sala cheia, facto que Vereadora da Câmara Municipal do Barreiro (CMB) responsável pelo Património Histórico, Arquivo, Cultura e Associativismo reconheceu ser “muito gratificante”, inseriu-se num conjunto de atividades realizadas ao longo do último ano, que culminarão com a reposição do Pelourinho de Coina (réplica).
Esta obra, com 170 páginas (incluindo anexos com imagens do Foral) e uma tiragem de 500 exemplares, encontra-se disponível, por 7,5€, no Espaço Memória, no Posto de Turismo, na Biblioteca Municipal do Barreiro e nas instalações da União das Freguesias de Palhais e Coina.
“Este livro apresenta, de uma forma que se pretende acessível, a todos os públicos, as origens do Foral de Coina e as características ímpares deste Foral, quando o comparamos com outras povoações da margem sul do Tejo”, sublinhou a Vereadora Regina Janeiro.
O desenvolvimento deste trabalho “resulta de um interesse antigo que tenho sobre esta localidade”, que veio na sequência do estudo de um concelho vizinho, explicou José Manuel Vargas. Divulgar o Foral, que considerou “único” e “contextualizar localmente o Foral na História de Coina – antes e ao tempo”, foram os seus dois objetivos na elaboração deste trabalho, cuja 2ª parte contém a transcrição do Foral em duas versões – uma, próxima do original e a outra mais próxima do atual. Nas últimas páginas há, ainda, um glossário.
Entre os vários agradecimentos, a Presidente da União das Freguesias de Palhais e Coina, Naciolinda Silvestre, dirigiu uma palavra ao autor do livro “pelo contributo que nos deu, porque sem ele não seria possível fazer o lançamento deste documento histórico que a Vila de Coina vai ter”.
É “indispensável rodearmo-nos dos saberes que não temos” (…) “para ultrapassarmos as dificuldades mas, também, para afirmarmos o que somos e o que queremos no futuro”, referiu o Presidente da CMB.
A importância estratégica do Porto de Coina foi transversal aos vários discursos da tarde. Carlos Humberto de Carvalho da atualidade estratégica de Coina, como grande interface de mobilidade – ferrovia e rodovia – e a sua importância do ponto de vista empresarial, logístico e comercial. E fez a “ponte” entre a Coina dos anos Quinhentos, com um grande porto de ligação entre o norte e o sul do País, facto que dinamizou a sociedade de então, e a instalação, na atualidade, da Plataforma Multimodal do Barreiro/terminal de Contentores.
Ao longo do ano 2016 realizaram-se diversas iniciativas que assinalaram o Aniversário. A Apresentação Pública das Comemorações foi efetuada à Comunidade Educativa na Escola Básica de Coina, e à população e Movimento Associativo na URCD - União Recreativa de Cultura e Desporto de Coina, foi publicado no Sítio Oficial da CMB na Internet o Livro de Posturas - leis que datam de 1780/1812, realizaram-se ateliês de marionetas evocativos da Efeméride e sessões sobre a História de Coina, foi editado um “Jornalinho” dedicado aos 500 anos do Foral de Coina, distribuído pelas Escolas do Concelho, promoveram-se concertos, inseridos no Mês da Música e realizou-se a Feira Quinhentista em Coina (setembro/outurbo), que atraiu milhares de pessoas ao recinto do Mercado Mensal/Tradicional, proporcionando uma viagem no tempo ao período manuelino da História da Vila, da Região e do País, desfrutando de inúmeros atrativos e surpresas e, muitos, “vestindo a pele” de uma personagem da época.
Recorde-se que a atribuição do Foral à Vila de Coina, por D. Manuel, data de 15 de fevereiro de 1516. As Comemorações que assinalam este momento histórico, lançadas há um ano, são promovidas numa parceria entre a CMB e a União das Freguesias de Palhais e Coina.
Nota curricular do autor
José Manuel Vargas, 1948 – (Lisboa)
• Licenciado em História e Mestrado (parte curricular) em Paleografia e Diplomática, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
• Professor de História e de História da Arte no Ensino Secundário (1980-2007).
• Bolseiro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1996-2000) para transcrição e edição da Chancelaria de D. João II, projeto coordenado por Eduardo Borges Nunes.
• Participação em múltiplos colóquios e congressos com comunicações sobre forais, ordens militares e temas de história medieval, regional e local.
Autor e co-autor de diversos estudos, entre os quais se destacam:
• Pelas Freguesias de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal, 1993-2000. 5 vols.
• Colaboração com 21 artigos, no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses. (dir. Luís de Albuquerque). Lisboa: Círculo de Leitores, Caminho, 1994.
• Foral de Alhos Vedros. Moita: Câmara Municipal, 2000. (reed. 2014).
• Foral de Lisboa (1500). Lisboa: Grupo de Amigos de Lisboa, 2000.
• Os Forais de Belmonte. Belmonte: Câmara Municipal, 2000.
• Livro da Vereação de Alcochete e Aldeia Galega: 1421-1422. Alcochete: Câmara Municipal, 2005.
• Sabonha e S. Francisco. Alcochete: Camara Municipal, 2005.
• Aspectos da História de Alhos Vedros: Séculos XIV a XVI. Alhos Vedros: Junta da Freguesia, 2007
• Os Forais Manuelinos do Distrito de Setúbal. In II Encontro de Estudos Locais do Distrito de Setúbal. Setúbal: Escola Superior de Educação, 2011.
• Locais do Distrito de Setúbal. Setúbal: Escola Superior de Educação, 2011.
• O Foral Novo: Torres Vedras, 1510. C.M. Torres Vedras, 2016.
• Canha e os seus Forais, Junta de Freguesia de Canha (no prelo).
Apresentação
Em 2016, o Foral de Coina atribuído pelo rei D. Manuel I, em 15 de fevereiro de 1516, completou 500 anos. Data de importância assinalável que levou a autarquia a concretizar um conjunto de comemorações que ficarão na memória coletiva. Aproximando esforços com a união de freguesias e outros parceiros foi possível recriar, reviver, revisitar e consolidar conhecimentos e vivências.
Através da obra que estamos agora a divulgar ficamos a saber que, esta vila que hoje integra o concelho do Barreiro, já foi ela própria um concelho. Coina era também um dos principais portos de ligação entre as duas margens do Tejo, no acesso a Lisboa. Durante séculos, o dia-a-dia do seu porto foi caracterizado pela azáfama dos mercadores, dos comerciantes e dos passageiros à procura de lugar nos barcos para a capital, e acrescentaria ao mesmo tempo que soavam os búzios dos mestres das embarcações avisando da partida dos barcos.
Este livro pretende dar a conhecer as origens do Foral de Coina e as suas características ímpares de concelho e agora de freguesia.
A realização desta obra de investigação histórica sobe o Foral de Coina e sobre a própria localidade foi abraçada pelo historiador José Manuel Vargas, a quem o município dirige os seus mais sinceros agradecimentos.
Esta publicação deixará para as gerações vindouras a memória daquilo que foi Coina no contexto do concelho do Barreiro, até quando ela mesma era sede de concelho.
Hoje, Coina voltou a estar no cruzamento de vias de comunicação rodoferroviárias e torna-se, gradualmente, uma importante centralidade sub-regional.
Porque o presente também se constrói com referências de passado, que tornam mais rico e memorável o futuro, importa construi-lo quotidianamente.
A nossa história deve ser elemento aglutinador de vontades, de identidades e de consolidação da memória coletiva.
Façam a viagens por entre estas páginas e saboreiem as vivências…
Um abraço!
Carlos Humberto de Carvalho